No segundo programa sobre a bioeconomia da Amazônia, o ‘Globo Repórter’ cruza a fronteira entre a floresta e os centros de pesquisa do Brasil. Na edição desta sexta-feira, dia 18, os repórteres Lilia Teles e Alexandre Hisayasu vão mostrar as descobertas da ciência sobre os frutos da floresta que fazem bem à saúde das pessoas e do planeta. Riquezas naturais que podem se transformar em perfumes, cosméticos e medicamentos. Alimentos que previnem problemas do coração e doenças como Alzheimer e Parkinson. “A floresta em pé não vale só dinheiro, ela salva vidas. A ciência encontrou na Amazônia uma fonte inesgotável de cura e de desenvolvimento. Essa parceria da pesquisa com a floresta é a maior riqueza que a Amazônia pode oferecer”, ressalta Lilia Teles. “A reportagem nos ensinou o poder de recuperação da natureza que, mesmo machucada, devastada, consegue se levantar. A bioeconomia prova que é possível alcançar o equilíbrio dos negócios com a preservação do meio ambiente”, complementa Alexandre Hisayasu.
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Em um só fruto da Amazônia, o açaí, os pesquisadores encontraram os principais benefícios da dieta mediterrânea, referência de vida saudável no sul da Europa. Num laboratório na Universidade Federal do Pará, a equipe entrevistou Hervé Rogez, que estudou engenharia de alimentos na Bélgica e mora na região há quase 30 anos. “Eu quis saber: já que todo mundo aqui toma açaí – que nem come feijão no resto do Brasil – o que tem no açaí em termos nutricionais? Ao consumir alimentos ricos em fibras, antioxidantes e o azeite de oliva, essa população era muito mais protegida de doenças cardiovasculares e diferentes formas de câncer do que no norte da Europa e, descobrimos que no açaí, tinha até 10 vezes mais antioxidantes do que na uva preta ou vinho tinto. Eles ajudam muito na prevenção de doenças crônicas degenerativas ligadas ao sistema nervoso central, como o Parkinson e o Alzheimer”, explica Hervé. Além disso, o açaí é rico em fibras e gorduras boas para a saúde, como as que estão presentes também no azeite de oliva.
Nativo da Amazônia, outro fruto rico em antioxidantes é o cacau. O programa desta sexta-feira vai contar a história do produtor rural Francisco Pereira Cruz, que saiu do interior do Pará, para o Salão do Chocolate, em Paris. Na região de Tuerê, no Pará, Francisco aprendeu a produzir amêndoas de cacau muito valorizadas – o cacau fino -, com assistência da Fundação Solidariedad. Pedro Santos, supervisor técnico da Fundação, diz que os fabricantes de chocolates artesanais se preocupam em comprar uma amêndoa de qualidade e saber da história de vida do produtor. “Eles querem unir a preservação, a sustentabilidade, querem ter um chocolate de excelência e contar também essa história dentro do chocolate deles”, afirma Pedro.
A equipe também visitou uma fábrica de chocolate em Campinas, no interior de São Paulo, que recebe amêndoas de cacau de várias partes da Amazônia, inclusive as que nasceram nas plantações de Francisco. Lá, a engenheira de alimentos Luana Vieira mostra que o cacau que vira chocolate é separado por nome e sobrenome dos produtores. Em seu doutorado, Luana estudou as propriedades das diferentes amêndoas de cacau do Brasil. “Uma coisa é você entender a parte teórica de todas as etapas do processo, ver o que está por trás, cientificamente. Outra, é você conversar com o produtor que tem uma paixão com o fruto que ele plantou, desenvolveu, colheu. Então, você começa a se relacionar com o fruto também de outra forma. Você traz para o laboratório, mas você sabe a origem dele e tudo que está por trás da elaboração daquele fruto lá na fazenda. É muito mágico ver todo esse processo acontecendo e saber que é um fruto nativo brasileiro, que é da Amazônia”, vibra Luana.
O ‘Globo Repórter’ também vai mostrar quatro gerações de cientistas que estudam os óleos da Amazônia, tesouro líquido que vale ouro. Já foram identificados mais de cinco mil óleos essenciais que abrem caminho para novos medicamentos, cosméticos e perfumes. Eles estão guardados no Museu Emílio Goeldi, em Belém, referência em pesquisa e conhecimento científico. O professor Guilherme Maia, da Universidade Federal do Pará, explica como a extração dos óleos pode ajudar na bioeconomia. “Muitos desses componentes de óleos essenciais têm atividade biológica, podem ser utilizados para cosméticos, para uma ação biológica de anticâncer, reumática, algo dessa natureza. Muitos desses óleos, dessas plantas, podem vir a compor novos produtos comerciais”, ressalta Guilherme.
O ‘Globo Repórter’ vai ao ar nesta sexta-feira, dia 18, logo após a novela ‘Terra e Paixão’.
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